Não queremos todos as mesmas coisas...
Não queremos todos as mesmas coisas… Lembro-me sempre disso Quando olho as minhas vizinhas, E as vejo tranquilas e descansadas Nas suas existências de ostras sem casca, De semblante sem vida, Retocado a rugas pequeninas.
Lembro-me sempre disso, Quando escuto as suas conversas Sobre árvores, Remédios, doenças, Couves, Casas… Quando reparo nos seus cabelos retorcidos Em totiços e rabos de cavalo entrançados, Quando vejo as suas roupas mal definidas sem idade, num misto da bata riscada de cozinha, com qualquer outra estranha antiguidade.
Não queremos todos as mesmas coisas. Nem elas querem voar, Sair do conforto conhecido do seu chão, Nem eu quero passar o resto da minha vida, A espreitar o mundo por detrás de um portão. Nem elas concebem ser felizes, Sem a rabuja dos netos, As esquisitices dos filhos, O mau feitio dos maridos. Nem eu imagino acabar os meus dias A cuidar dos filhos dos meus filhos, Mergulhada ainda em sarilhos, Entre dores de dentes e ralações, Tratando de joelhos esfolados e remendando calções… , Não q…
Lembro-me sempre disso, Quando escuto as suas conversas Sobre árvores, Remédios, doenças, Couves, Casas… Quando reparo nos seus cabelos retorcidos Em totiços e rabos de cavalo entrançados, Quando vejo as suas roupas mal definidas sem idade, num misto da bata riscada de cozinha, com qualquer outra estranha antiguidade.
Não queremos todos as mesmas coisas. Nem elas querem voar, Sair do conforto conhecido do seu chão, Nem eu quero passar o resto da minha vida, A espreitar o mundo por detrás de um portão. Nem elas concebem ser felizes, Sem a rabuja dos netos, As esquisitices dos filhos, O mau feitio dos maridos. Nem eu imagino acabar os meus dias A cuidar dos filhos dos meus filhos, Mergulhada ainda em sarilhos, Entre dores de dentes e ralações, Tratando de joelhos esfolados e remendando calções… , Não q…