Bela porcaria
-
Já te disse! Responde-me!
E
ela encolhia-se perante uma ira que não conseguia aplacar.
-
Quem te fez mal? O que se passou?
Como
explicar?
Ninguém
lhe tinha feito mal.
Ou
se sim, era um mal tão antigo que não lembrava mais.
Talvez
ainda no outro lado do tempo.
O
que se tinha passado?
Sabia
lá.
Era
assim.
Porque
é que ninguém a aceitava assim?
Queriam
saber sempre porquê, porque não.
-
Vamos! Então?
Então
nada.
Permanecia
calada.
Dos
outros tudo acatava,
Recebia-os
tal como vinham.
Nunca
forçava ninguém a ser o que não era.
Com
ela…
Pois,
está bem.
-
Eu vou. Não tenho paciência.
Tudo
porque ela chorara…
Também,
porque chorara?
Devia
saber.
Lágrimas
angustiam quem as vê.
Chorara.
Porque
chorara?
Era
assim.
Ela
era assim.
Deixa-o
ir.
Para
que o havia de querer,
Se
nem chorar podia?
Todos
iguais.
Bela porcaria.
Comentários
Enviar um comentário